20/09/11

A Década De Todas As Suspeições - Parte 14

Entrar naquela casa parecia ainda mais difícil do que sair. Tocou à campainha mas ninguém respondeu. Com a ajuda do seu amigo Quasimodo saltou pelo mesmo sítio por onde tinha descido e caiu redonda no meio do pátio. Reinava o silêncio e a serenidade. Voltou a olhar para piscina de água azul turquês e pensou que numa outra circunstância aquela casa, aquele pátio e aquela piscina poderiam ter-lhe proporcionado momentos muito agradáveis.

Pé ante pé, com o mínimo ruído possível, entrou na casa, fazendo o caminho inverso ao que tinha percorrido poucas horas antes. O silêncio era ensurdecedor e deixava-a ainda mais angustiada. Percorreu toda a casa, entrou em cada uma das divisões e concluiu que tudo estava vazio. Nenhum sinal de Glória. Nenhum sinal de Caetano. Para onde teriam eles ido? Estariam juntos? Afinal o que se estava a passar ali?

Susana sentou-se na cama onde tinha acordado naquela noite e tentou reflectir sobre tudo o que se tinha passado nas últimas horas. Tentou achar um fio à meada. Mas estava cada vez mais confusa quando se lembrou que o seu amigo a esperava do lado de fora do muro. Voltou a sair em direcção ao pátio e desceu os três degraus que antecediam o portão de entrada. Lá fora não estava ninguém. A rua estava vazia. Confusa, voltou para dentro de casa e foi então que reparou em duas hortênsias colocadas ao lado do portão. Pegou nelas num gesto banal e descobriu que escondiam uma arma. Seria a arma que horas antes esteve colada ao seu corpo? Para onde teria ido aquele ser assustador de olhar doce?

Dentro de casa, cada vez mais confusa e perturbada, decidiu que o melhor era pedir ajuda. Desta vez não estava para meias medidas. Se não percebesse depressa o que se passava quem enlouqueceria era ela. Olhou à sua volta e viu um telefone. Decidiu que o melhor era ligar para o 112. Afinal ela nem sabia onde estava. Não reconhecia a casa, não reconhecia a rua, não reconhecia a praia. Pegou no telefone e ligou, eles saberiam como a encontrar e como a ajudar.

- Mas a senhora não sabe mesmo como veio aqui parar? Não se lembra de nada? – Perguntava o inspector Renato estupefacto com toda a história que ouvira da boca de Susana.

A conversa durou o que a Susana pareceu uma eternidade. Enquanto ela contava todos os pormenores que se lembrava ao inspector, a restante equipa fazia uma perícia pela casa em busca de algumas respostas.

O dia já tinha nascido quando Susana chegou finalmente à casa que tinha alugado no Algarve com o objectivo de passar uns dias tranquilos. Isabel estava à sua espera no jardim. Nesse momento Susana sentiu uma vontade imensa de abraçar a amiga e chorar sem parar. De tão perturbada que estava nem reparou que à porta estava um carro da polícia e que havia muito movimento dentro da casa.

- Tenho uma coisa muito difícil para te contar minha querida… - Disse Isabel ao abraçar a amiga.

- Não me digas nada Isabel! Só quero um abraço! – Respondeu Susana sem a mínima desconfiança que dentro da casa estava Paulo, deitado na cama onde ambos tinham tido momentos fantásticos na noite anterior, morto!

Susana Fonseca

6 comentários:

  1. Até que enfim alguém pôs um ponto final na existência desse indivíduo, já começava a meter-me um certo fastio! - Muito bem Susana.

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  2. Lá se foi uma das minhas personagens favoritas! Não esperava este fim para o Paulo, pelo menos para já. Esta casa do Algarve tem tido um movimento...
    No geral gostei, Susana!

    Dina

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  3. Excelente, Susana! Já estava na hora de acabar com aquela historinha de amor que não combina nada com uma mulher como Susana.

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  4. Obrigada a todos:) Vamos lá ver agora se descobrimos quem matou o Paulo :)

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  5. Apesar de ter lido quase logo este novo capítulo, só agora tive oportunidade de vir aqui comentar e dar os parabéns à Susana :) mto bom enredo e suspense q.b :) gostei mto! :)

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  6. Obrigada MIkashi :)Abraço

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