O dia fatídico de Tomé tinha chegado… o frio que se fazia sentir e a chuva que caía de mansinho parecia anunciar alguma tranquilidade, porém pairava no ar um ambiente de guerra, de violência e de morte.
Seguro continuava perplexo e sem ação perante aquele cenário trágico. O pavor e o desespero estavam estampados no rosto de Albertina. As curtas revelações de Tomé fizeram com que a viúva entoasse - ai meu Deus, e agora?!- balbuciava desesperada, solicitando a este Ser Divino que fosse seu advogado de defesa.
Seguro, voltou a si, olhou ao redor e avistou entre as muralhas do castelo o padre Joaquim que, após ser descoberto, corria a passos largos a fim de se safar do assassinato que acabara de cometer. O inspetor que, ainda tinha amor à profissão, correu apressadamente pela calçada para tentar, a todo o custo, apanhar o assassino de Tomé. A raiva impregnada no seu coração por se sentir enganado por aquela bela mulher predadora, fazia com que as suas pernas corressem velozmente, por entre ruas e ruelas; encontrões aqui e acolá com pessoas que se esbarravam no seu trajeto. Seguro estava, sem dúvida, em forma. A chuva fria e miudinha não foi obstáculo à captura do criminoso. O policial de corpo atlético conseguiu, finalmente, agarrar o casaco do padre fugitivo.
- Anda cá seu sacana! Daqui não foges mais…quem diria?! Heim!… Nunca me inspiraste confiança, seu bandido! Estou mesmo a ver, um homem ligado à igreja que não cumpre os seus preceitos, grande sacana…
Após este curto monólogo Joaquim cai nas pedras da calçada com um valente soco no nariz, o sangue brota em fio parecendo uma fonte encarnada. Seguro conseguiu imobilizar o padre demoníaco. O paraíso deste demo tinha os dias contados… A justiça divina e a dos homens caíam, como uma teia, sobre este homem que passou parte da sua vida a apregoar a palavra de Deus.
Depois de uns breves contactos telefónicos de Seguro, não tardou a chegada ruidosa e aflitiva da polícia que, numa celeridade, colocou as algemas nos pulsos pecaminosos de Joaquim.
- Mais tarde conversamos seu cobarde! Tens muita coisa para explicar…agora vou atrás da tua cúmplice. Retorquiu Seguro ao empurrá-lo com uma certa agressividade para dentro do carro policial que o levaria para o posto da Polícia.
A uns largos metros de distância lá estava Albertina caída de joelhos sobre a calçada como se estivesse a pedir perdão dos actos cometidos. Chorava compulsivamente, não pela morte do seu Tomé, mas pelas revelações verídicas do cônjuge que a punham em maus lençóis com a justiça. Começava a aglomerar-se gente curiosa que comentava, depreciativamente, o sucedido. O cerco policial já se evidenciava perante este drama e já tomavam as respetivas diligências.
Seguro ao avistar aquele corpo de mulher enfeitiçado sentiu-se frustrado, mais uma vez…Deveras não tinha sorte com o sexo oposto, sentia compaixão de si próprio.
Sónia Ferreira
Parabéns Sónia! Não sabia que tinhas tanto geito para contos policiais. Até fiquei cansada com tanta acção. Gostei imenso da maneira de escrever e do desenrolar da história!
ResponderEliminarDina
Parabéns Sónia gostei
ResponderEliminarÉ caso para dizer padre ou diabo?