12/08/12

Os segredos de Sobreiro Aparado - Capítulo 14

O dia fatídico de Tomé tinha chegado… o frio que se fazia sentir e a chuva que caía de mansinho parecia anunciar alguma tranquilidade, porém pairava no ar um ambiente de guerra, de violência e de morte.


Seguro continuava perplexo e sem ação perante aquele cenário trágico. O pavor e o desespero estavam estampados no rosto de Albertina. As curtas revelações de Tomé fizeram com que a viúva entoasse - ai meu Deus, e agora?!- balbuciava desesperada, solicitando a este Ser Divino que fosse seu advogado de defesa.

Seguro, voltou a si, olhou ao redor e avistou entre as muralhas do castelo o padre Joaquim que, após ser descoberto, corria a passos largos a fim de se safar do assassinato que acabara de cometer. O inspetor que, ainda tinha amor à profissão, correu apressadamente pela calçada para tentar, a todo o custo, apanhar o assassino de Tomé. A raiva impregnada no seu coração por se sentir enganado por aquela bela mulher predadora, fazia com que as suas pernas corressem velozmente, por entre ruas e ruelas; encontrões aqui e acolá com pessoas que se esbarravam no seu trajeto. Seguro estava, sem dúvida, em forma. A chuva fria e miudinha não foi obstáculo à captura do criminoso. O policial de corpo atlético conseguiu, finalmente, agarrar o casaco do padre fugitivo.

- Anda cá seu sacana! Daqui não foges mais…quem diria?! Heim!… Nunca me inspiraste confiança, seu bandido! Estou mesmo a ver, um homem ligado à igreja que não cumpre os seus preceitos, grande sacana…

Após este curto monólogo Joaquim cai nas pedras da calçada com um valente soco no nariz, o sangue brota em fio parecendo uma fonte encarnada. Seguro conseguiu imobilizar o padre demoníaco. O paraíso deste demo tinha os dias contados… A justiça divina e a dos homens caíam, como uma teia, sobre este homem que passou parte da sua vida a apregoar a palavra de Deus.

Depois de uns breves contactos telefónicos de Seguro, não tardou a chegada ruidosa e aflitiva da polícia que, numa celeridade, colocou as algemas nos pulsos pecaminosos de Joaquim.

- Mais tarde conversamos seu cobarde! Tens muita coisa para explicar…agora vou atrás da tua cúmplice. Retorquiu Seguro ao empurrá-lo com uma certa agressividade para dentro do carro policial que o levaria para o posto da Polícia.

A uns largos metros de distância lá estava Albertina caída de joelhos sobre a calçada como se estivesse a pedir perdão dos actos cometidos. Chorava compulsivamente, não pela morte do seu Tomé, mas pelas revelações verídicas do cônjuge que a punham em maus lençóis com a justiça. Começava a aglomerar-se gente curiosa que comentava, depreciativamente, o sucedido. O cerco policial já se evidenciava perante este drama e já tomavam as respetivas diligências.


Seguro ao avistar aquele corpo de mulher enfeitiçado sentiu-se frustrado, mais uma vez…Deveras não tinha sorte com o sexo oposto, sentia compaixão de si próprio.

Sónia Ferreira

2 comentários:

  1. Parabéns Sónia! Não sabia que tinhas tanto geito para contos policiais. Até fiquei cansada com tanta acção. Gostei imenso da maneira de escrever e do desenrolar da história!

    Dina

    ResponderEliminar
  2. Parabéns Sónia gostei
    É caso para dizer padre ou diabo?

    ResponderEliminar

Esperamos que tenha apreciado a nossa escrita e que volte a visitar-nos. Deixe-nos a sua opinião. Obrigado!