– Que bom, foi só um pesadelo, foi só um pesadelo! - Repetiu para ela própria diversas vezes, com uma sensação de alívio enorme. Tudo o que se tinha passado no dia anterior não passara de uma brincadeira do seu subconsciente. Afinal, estava ela sossegada no seu quarto e pela luz que entrava pelas frinchas da janela, o Sol parecia brilhar lá fora.
- Óptimo, vou à praia hoje, relaxar! – E deu um saltinho para fora da cama, toda contente.
Nesse momento, bateram à porta do seu quarto. Aquele bater nervoso fez disparar o coração de Susana e como um raio que percorre o céu até ao solo, algo disparou dentro do seu cérebro e a trouxe à inquietante realidade. Susana sentou-se de novo na cama, com um ar de desalento, afinal não tinha sido um pesadelo. Quem batia na porta do lado de fora era a sua incansável amiga Isabel que tudo fez no dia anterior para que Susana descansasse um pouco.
-Susana! Susana? Estás acordada? – Sussurrou Isabel do lado de fora. Susana levantou-se muito vagarosamente como querendo adiar o encontro com a realidade destes últimos dias.
- Bom dia Isabel… – murmurou Susana após abrir a porta e dar de caras com o que parecia ser a sua confirmação da visão de uma pena capital.
- Então, conseguiste descansar? Vim aqui a meio da noite e fiquei mais sossegada. Estavas a dormir profundamente e com uma respiração calma… - perguntou carinhosamente Isabel.
Susana não emitia uma palavra, enquanto conduzia em direcção ao planeado com Isabel na véspera.
- Estás bem? – Perguntou Isabel. Ainda não disseste uma palavra desde que saímos de tua casa.
Mas Susana continuou calada. Estava muito nervosa, confusa e não gostava da sensação de não saber o que ia encontrar, ouvir e saber ao ver o Padrinho Costa.
- Eu estou a teu lado, nada de mal nos vai acontecer – reafirmou Isabel, tentando acalmar a amiga.
Quando chegaram à porta do lar, Susana sentiu um arrepio. Aquele lugar estava em muito pior estado desde a última vez que tinha estado lá. Sentia uma série de más vibrações a emanar das paredes daquele edifício soturno, ela que até nem acreditava nessa história de más vibrações, isso para ela não passava de uma treta. Até chegar ali…
-Ok, Isabel, espera por mim aqui, no jardim. Tal como te disse, é melhor eu ir sozinha – disse Susana, suspirando.
-Tens a certeza? Preferia acompanhar-te. Não vou ficar sossegada aqui fora sem saber o que se está a passar- respondeu apreensiva Isabel.
- Bem, de facto… - hesitou Susana, olhando para a porta que se avistava já do portão, como se fosse a entrada de uma caverna. Ok, anda comigo, estou demasiado confusa e exausta para aguentar entrar neste lugar sozinha.
Susana e Isabel deram o braço e caminharam decididas até à porta, apesar de terem ambas o coração super acelerado. Andaram uns metros e encontraram uma senhora que parecia ser enfermeira no meio do corredor e aproveitaram para perguntar onde poderiam encontrar o padrinho Costa.
- Ele já não está connosco – respondeu secamente a suposta enfermeira.
Susana sentiu uma tontura devido ao choque. Teria o padrinho Costa falecido assim, de um momento para o outro?
- Um familiar veio buscá-lo e levou-o para casa dele – continuou a enfermeira, remexendo numa série de medicamentos num tabuleiro, sem sequer olhar para as duas amigas.
Susana e Isabel olharam uma para a outra, estupefactas. E agora? Um familiar? Mas o padrinho Costa não tinha mais familiares sem ser Glória…
Glória aconchegou o seu querido padrinho que entretanto adormecera no sofá.
- Obrigada, Caetano – disse Glória para o rapaz de feições fortes que a ajudara na missão a que se tinha proposto.
- Já sabes que podes contar comigo para o que for preciso. Sempre! – Respondeu este, convictamente.
Caetano era um colega da revista, que desde que Glória tinha entrado para lá, tinha demonstrado ter por ela um fraquinho e era o seu único amigo lá dentro. Mas Glória só tinha olhos para Paulo.
- Que tonta fui!- Pensava agora ela. Olhou para Caetano e viu um rapaz forte, decidido, másculo e presente. Algo que Paulo raramente tinha sido.
- Que tonta fui!- Pensava agora ela. Olhou para Caetano e viu um rapaz forte, decidido, másculo e presente. Algo que Paulo raramente tinha sido.
- Desculpa ter-te metido nesta confusão mas como te expliquei o meu padrinho não estava a ser bem tratado naquele lugar. Precisava mesmo de o tirar de lá rapidamente – agradeceu reconhecida Glória.
- Sem qualquer problema, já sabes. Só não percebi muito bem porque é que não podias ser tu a tratar disso. Não porque não te quisesse ajudar mas fez-me alguma confusão esse facto. – Caetano olhou para Glória com ar interrogativo.
- Lembra-te daquilo que te pedi ao telefone. Sem perguntas. Ok? – Respondeu Glória.
- Ok, combinado – assentiu o rapaz.
- Não, não! Não…Nãoooo! – Um grito desesperado assustou Caetano e Glória. Viraram-se rapidamente e viram o padrinho Costa muito agitado no sofá.
- Calma padrinho. Estou aqui, sou eu a Glória. – Tentou acalmá-lo a afilhada aflita.
- Ele vem aí! O Dr. Azevedo vem aí! Ele vem aí…foge filha…foge… - e dito isto adormeceu num torpor meio febril.
Glória e Caetano olharam um para o outro com ar interrogativo. Glória tornou a aconchegar o padrinho e escorregou até ficar sentada no chão… Olhou de novo para Caetano que estava posicionado em frente para a janela que dava para um jardim florido. Tinha decidido tirar o padrinho do lar com medo que ele sofresse alguma represália mas teria sido de facto boa ideia? Será que toda esta história maluca não passava de uma alucinação do padrinho? E se não fosse, qual seria o risco que os três estavam a correr? Olhou para Caetano, meu Deus, e se tudo isto fosse verdade, teria ela acabado de envolver o rapaz numa história perigosa? E o Dr. Azevedo? Seria alguma personagem inventada no meio dos delírios do padrinho ou algum perigoso médico? Hum, se havia clones, tinha de haver médicos, provavelmente! Glória abanou a cabeça, perdida no turbilhão de toda esta confusão.
Susana e Isabel voltaram para o carro. Caminhavam em silêncio. Nenhuma das duas percebia muito bem o que estava a acontecer. Quem seria o familiar que tinha tirado o padrinho do lar? E agora o que fazer? Onde andaria Glória? E pior, onde andaria Paulo?
Carolina Lemos
Olá a todos, estou a adorar esta história escrita a tantas mãos... fascinante! Será que ainda é possível participar?
ResponderEliminarDeixo o meu e-mail:cronicas.daminhavida@ggmail.com
Abraço
Mais duas personagens e mais algumas saídas possiveis, vamos ver qual é a escolhida pela Dina. Como alguém já disse, isto está a ficar um policial digno de Ken Follett:)
ResponderEliminarParabééns Carolina, gostei bastante da tua abordagem!
Susana, será um prazer contar com mais uma mão amante da escrita!
Obrigada Carolina Lemos deixaste as personagens bem encaminhadas para o encontro romântico! Mas que grande enredo!...
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